Geógrafos que atuam em estudos socioambientais no Sul da Bahia publicaram uma pesquisa que aponta os principais motivos para que a cidade de Itabuna, que detém de muita chuva ao longo dos meses, tenha passado por uma crise de água nos anos de 2015/2016. O artigo “Entendendo um dilema de crise de água em um cenário de abundância de água” foi publicado na revista científica inglesa Land Use Policy. A [1] falta de governança sobre o uso da água, [2] gestão ineficaz da captação e distribuição e sobretudo a [3] degradação das bacias hidrográficas regionais, são os principais fatores apontados no texto.
Segundo os autores Kaique Brito Silva e Jonatas Batista Mattos, o desafio de publicar foi imenso: “convencer os pesquisadores que gerem a revista foi difícil, eles acharam cômico o fato de faltar água numa região que chove acima de 1.500 mm por ano. Mesmo com cerca de 7 meses de estiagem, não era pra uma região como a nossa apresentar rios secos e muito menos água salgada na torneira dos itabunenses. Não temos esse tipo de problema em nenhuma cidade do mundo que seja similar a Itabuna em características climáticas regionais”. Infelizmente, Itabuna entra para a bibliografia mundial como um fracasso na gestão dos recursos hídricos em clima tropical.
Já Roberto José da Silva, também autor da pesquisa, é mais enfático: “além de toda degradação ambiental das bacias hidrográficas, há também uma degradação na forma de gestão de águas por parte das empresas concessionárias (no caso de Itabuna, a EMASA). E a cereja do bolo é a alternativa pra isso ter sido a construção de uma barragem em um rio completamente morto (Rio Colônia), que irá fazer com que a capacidade de reter água seja reduzida em até 50% em 10 anos pelo fato de haver elevados níveis de assoreamento. Por mais que fatores naturais façam as chuvas diminuírem, são fatores de governança que fazem a população sofrer com falta de água potável”.
Os resultados dessa pesquisa compõe dados de um grande projeto na área de recursos hídricos que envolve UESC e UNICAMP-SP. O texto pode ser acessado pelo link https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0264837718312158?dgcid=coauthor
Um prazer poder retribuir para a região tal estudo. Espero que possa ser utilizado para repensar a forma como sãos geridos os recursos naturais (em especial as águas) na nossa região.