A grande questão que envolve as sombras é que, quando não as reconhecemos em nós – e todos nós temos! – projetamos nossos aspectos destrutivos nas pessoas que nos cercam, no mundo, na maneira como enxergamos a vida. Passamos a ver defeitos em tudo e todos, julgamos e acusamos a todo momento. Enxergamos e somos capazes de enumerar os defeitos do vizinho, do primo, do colega de trabalho. Sempre do outro. O mundo está errado, as pessoas precisam mudar; eu, nunca. Não vemos as nossas próprias sombras. E uma coisa importante a se dizer, também, querido leitor, é que as sombras não são de todo prejudiciais. Não se trata, aqui, de algo que é preciso a todo custo ser “jogado fora”. A grande busca é a integração dessas sombras. Passamos um tempo imenso de nossas vidas dispensando uma energia imensa em mostrar o que não somos e esconder o que somos pelos mais variados motivos. Criamos máscaras, personagens que nos protegem: mostramos e manifestamos todos os aspectos que julgamos como aceitáveis e que, no fundo, nos farão sentirmo-nos amados, e escondemos aqueles que entendemos que nos distanciarão do amor do outro. Mas, a integração de nossas sombras se dá, a partir do momento que, literalmente, paramos de apontar o dedo e percebemos em nós a existência daquele comportamento que julgamos no outro. Existe uma frase bem conhecida do renomado psicanalista Carl Jung que diz que a tudo que se resiste, persiste. Então, hoje, finalizo esta coluna de uma maneira diferente: propondo um exercício. Você, que me lê agora, neste momento, comece a observar seus incômodos. Se uma determinada pessoa te incomoda, seja por qual for o motivo, perceba, em você, de que forma essa característica que incomoda no outro se manifesta aí dentro. Topa? Valendo!
* – Psicanalista em formação; MBA Executivo em Negócios; Pós-Graduada em Administração Mercadológica; Consultora de Projetos da AM3–Consultoria e Assessoria. E-mail: [email protected]