EXPOSIÇÃO ARTÍSTICA TUPINAMBÁ: JANELA DA ALMA ESTARÁ ABERTA DE 27 A 31 DE MAIO, NA ACADEMIA DE LETRAS DE ILHÉUS
Três aldeias Tupinambá de Olivença, em Ilhéus, sul da Bahia, foram escolhidas para terem suas(eus) mais velhas/os registradas/os em artes visuais: Igalha, Itapoã e Tupã. Ao todo, 13 indígenas representam um universo que tem muito a ensinar. Na Exposição Artística Tupinambá: janela da alma, idealizada pelo artista plástico Gildasio Rodriguez, o público poderá contemplar os quadros pintados a partir de retratos fotográficos de Tacila Mendes, que também estarão expostos, e escutar histórias dessas/os anciãs/ões, por meio de vídeos com acessibilidade. A vernissage será na Academia de Letras de Ilhéus, no dia 27 de maio, às 17h, e contará com interpretação em Libras, por Roberta Brandão (InLibras). A exposição seguirá aberta ao público do dia 27 a 31 de maio, com visitação gratuita de 9h às 17h.
Um dos objetivos da exposição é eternizar as/os mais velhas/as, por meio da fotografia e da pintura, reverenciando a sua sabedoria. A proposta é pensar os indígenas sob o ponto de vista da memória e da ancestralidade, de uma janela que se abriu no passado, que continua aberta no presente e mantém-se escancarada pela dimensão contemporânea, permitindo um diálogo com muitas outras tradições culturais e as novas gerações.
A exposição traz como principal homenageada, em memória, Dona Nivalda Amaral de Jesus ou Amotara, como é conhecida. Amotara foi a principal responsável e incentivadora do levante Tupinambá, além de uma exímia rezadeira, defensora e incentivadora incansável do movimento pela demarcação das terras indígenas. Sua história também é marcada pelo contato direto com o manto sagrado, artefato indígena do século 17, de alto valor cultural para a comunidade Tupinambá da região, que estava exposto na Dinamarca e que tem previsão de ser transferido para o Brasil ainda este ano.
O Processo Criativo
O processo criativo da exposição partiu dos retratos produzidos pela fotógrafa, que tiveram uma leitura poética por meio do olhar do artista plástico, que as transformou em telas com dimensões 100 X 100 X 0,4 cm. Utilizando a técnica óleo sobre tela, estilo figurativo e cores predominantes neutras e para dar ainda mais potência e significância, Gildásio adicionou elementos tridimensionais – colares, brincos e instrumentos indígenas, cedidos gentilmente pelas/os anciãs/ãos. O preto e o branco, gamas de tons cinzas e um detalhe carmesim, criam uma densidade figurativa com seus olhares, tornando a imagem absoluta e personificada na pureza da sua essência, ampliando os sentidos da memória e das tradições.
Sobre a concepção artística da exposição
Com produção executiva de Ely Izidro a Exposição Artística Tupinambá: janela da alma, surgiu depois que o artista plástico Gildásio Rodriguez acessou uma matéria sobre a morte de anciãos indígenas na pandemia, culminando no desaparecimento de línguas inteiras. “Os chefes morais, mestres espirituais e possuidores do conhecimento e memória estavam desaparecendo. Eu precisava fazer alguma coisa. Daí surgiu a ideia da exposição”, conta.
Com curadoria do escritor e pesquisador Pawlo Cidade, a exposição tem um recorte especial. “Cada uma das aldeias escolhidas não são resquícios históricos remotos, mas um espaço efetivo na organização social e modo de vida dos Tupinambá que ainda hoje habitam a região”, destaca Cidade.
Os retratos das/os anciãs/ãos das três aldeias foram captados pelas lentes da fotógrafa Tacila Mendes. Para ela, “os/as mais velhos/as são força. Não há árvore que dê novos frutos sem uma raiz forte. Por meio dos retratos e das pinturas apresentados em Tupinambá: janelas da alma”, buscamos contribuir para visibilizar uma luta que perpassa gerações: a luta por existir”.
Este projeto foi contemplado nos Editais da Paulo Gustavo Bahia e tem apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura via Lei Paulo Gustavo, direcionada pelo Ministério da Cultura, Governo Federal. Paulo Gustavo Bahia (PGBA) foi criada para a efetivação das ações emergenciais de apoio ao setor cultural, visando cumprir a Lei Complementar no 195, de 8 de julho de 2022.
Serviço
O quê? Exposição Artística Tupinambá: janela da alma
Quando? 27 de maio – vernissage às 17h. Visitação de 27 a 31 de maio, de 9h às 17h.
Onde? Academia de Letras de Ilhéus/ Rua Antônio Lavigne de Lemos, 39 – Centro
Quanto? Gratuita