ITABUNA – UM PASSADO GLORIOSO
Por José Cássio Varjão
“Com o desenvolvimento do capitalismo moderno, os muito ricos se associaram aos altos executivos e passaram a controlar grandes empresas (indústria, comércio e bancos). Trata-se uma revolução administrativa em que a empresa familiar perde lugar para grandes corporações. Esse grupo passa a ter influência social e política que afeta a vida de milhões de pessoas.” (A Elite do Poder, 1956 – Charles Wright Mills). Wright Mills, na segunda metade do século passado fez essa afirmação, definindo a alta hierarquia da ordem institucional econômica americana.
Em Itabuna, J.S. Pinheiro (Ford), Oduque Veículos (Ford), Silveira S/A (Chevrolet) Fonape (Wolkswagen), Cimol, Rosemblait, Móveis Itarte, Makro, Crediário Cometa, Farmácia Cabral, Mercado Messias , são alguns exemplos de empresas familiares do município, que deram lugar a grandes empresas de outras regiões.
Na década 70/80 do século passado, a cidade tinha entre 112 mil e 144 mil habitantes respectivamente. Av. Cinquentenário e adjacências, repletas de lojas, geravam milhares de empregos e a circulação diária de milhares de pessoas revelava que tínhamos uma das economias mais fortes do interior do nordeste do Brasil.
Tínhamos o Aeroporto Tertuliano Guedes de Pinho, o excelente prédio da Prefeitura e tínhamos filiais de todas as empresas de compra de Cacau, incluindo as locais e multinacionais. Empregos, muitos empregos, para quem se arriscava sair da roça para tentar a sorte na “cidade grande”.
O lazer de Itabuna era completo. Famosas boates, vários cinemas e dezenas de bares e restaurantes alegravam a população. Tínhamos o excelente Itabuna Esporte Clube, o Itabuna Clube e o Estádio Luiz Viana Filho, com um dos gramados mais bonitos do Brasil. (diziam que a drenagem e a grama eram as mesmas do Serra Dourada em Goiânia). Flamengo, Botafogo, Vasco, Santa Cruz, Ponte Preta foram alguns times que jogaram no Luizão.
Brasileirão de 79 foram 3 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, 10 gols pró e 8 gols contra. Excelente campanha.
Quando começou nossa derrocada? Com a vassoura de bruxa ou antes, com a falta de visão dos governantes que deveriam imaginar que sem a força do cacau na economia da cidade, o progresso iria bater em outra porta? Será que nas altas rodas do Palace Hotel nunca colocaram essa situação sobre a mesa ou poderemos colocá-la no rol das “não decisões políticas”?
Estamos atravessando essa intempérie há mais de trinta anos. Temos mais 80 mil habitantes com relação àquela época. A economia informal cresce assustadoramente, tem mais barracas na Av. Cinquentenário do que lojas com as ditas “portas abertas”. Já imaginou Itabuna sem os 2 mil empregos oferecidos pela TEL Telemática? Melhor não pensar nisso.
110 anos de emancipação e já fomos melhor do que somos. 143ª posição no ranking das cidades mais populosas do Brasil. Porém, o PIB per capta de R$ 18.023,73 não nos coloca na relação das 1550 cidades com maiores PIB’s per capta do Brasil. Portanto, Itabuna, no sul do Estado da Bahia, indubitavelmente, já foi melhor do que é.
“Toda ciência nasce de um sistema de observações, então a ciência política deve basear-se em um estudo dos fatos, e esses fatos devem ser fornecidos pela história”. Gaetano Mosca. Esse é o método histórico-comparativo para estudar as sociedades humanas.