MAIO LARANJA E AMARELO: MANCHADOS PELO VERMELHO DO SANGUE E DA VERGONHA
O Mês de maio é marcado por duas causas importantíssimas no contexto de convívio social. Ele marca a luta, que deve ser diária, contra o abuso Sexual de Crianças e Adolescentes e as mortes no trânsito nas vias e rodovias brasileiras. Estas lutas são representadas por duas cores próximas (amarelo e laranja). Quando pensamos nessas duas cores percebemos que uma é originária da outra e que a matriz (amarelo) é representada pela atenção aos altos índices de acidentes no transito. E a (laranja) a tem finalidade de advertência, para estarmos atentos (as) aos perigos do abuso sexual, ou mesmo aos sinais deste crime.
Coincidência ou não, o mês do maio laranja de 2024 foi marcado em nossa região por dois casos de prisões de pessoas, aparentemente de “bem”, homens que se consideravam de famílias tradicionais brasileiras, acusados de abuso de crianças e adolescentes. Nos dois casos, os hoje presidiários, utilizavam a máscara de servidor público e de empresário para camuflar seus comportamentos doentios e criminais em aliciar sexualmente as crianças.
O primeiro preso foi um homem de aproximadamente 60 anos, que já exerceu a coordenação do SAMU Itabuna. Segundo relatos do processo, ele foi preso por estupro de vulnerável, informação aponta que ele era amigo de confiança da família. A menina tinha nove anos de idade e os abusos seguiram por três anos. Este foi condenado a quinze anos de prisão.
No segundo caso, outro homem de aproximadamente 50 anos, policial militar do Estado da Bahia, morador da cidade de Itajuípe, que conforme divulgado nos meios de comunicação, junto com sua namorada praticaram conjunções carnais e outros atos libidinosos com as vítimas que, na época dos fatos, tinham dez e onze anos de idade. O policial está preso e aguarda cumprimento da pena.
Essas situações criminais supracitadas foram descobertas e punidas graças à denúncia das famílias, ao perceberem os sinais na mudança de comportamento dessas crianças. Porém, muitas outras crianças sofram ou ainda sofrem desse crime hediondo, sem que esses sinais sejam entendidos pelos pais e familiares, mesmo porque, em muitos casos essas agressões tem sua origem dentro da própria família.
Já no mês do maio Amarelo 2024, foi marcado mais uma vez por inúmeros acidentes de trânsito que ceifaram a vidas de pessoas em nossa região. Como ocorre todos os dias, famílias foram dilaceradas por meio desse fenômeno social implacável que é o acidente de trânsito.
Didaticamente eu defino acidente de trânsito como sendo o conflito existente entre o homem, a via e veículo na disputa pelo espaço. Porém, na maioria dos casos dos acidentes de trânsito, a disputa pelo espaço, sugerida no conceito, poderia facilmente dar lugar a ignorância, egoísmo e a falta de educação no trânsito.
Destaco aqui, os acidentes de trânsito acorridos na famosa “Curva do Cassimiro” situada na BR 101 entre as cidades de Buerarema e São Jose da Vitoria. Quem passa pelo local percebe a grande quantidade de destroços de veículos e cargas provenientes dos acidentes. O asfalto no local tem cor diferente, em razão da pigmentação provocada pela mistura de combustível e sangue.
As estatísticas da Policia Rodoviária Federal para sinistros de trânsito no local, tem números alarmantes. Contudo, não sabemos o porquê da leniência do DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Órgão responsável pela manutenção, ampliação, construção, fiscalização, e elaboração de estudos técnicos para a resolução de problemas relacionados à segurança viária, em resolver o problema com uma obra de engenharia de trafego, capaz de mitigar o problema e consequentemente salvar vidas.
O certo é: não podemos perder a capacidade de nos indignarmos a cada dia com esses dois grandes problemas. De um lado, representado pela cor Laranja, a vergonha humana do abuso sexual de crianças e adolescentes. Do outro marcado pela cor amarela, da negligência pelas mortes em sinistros de trânsito nas vias e rodovias brasileiras. A solução não cabe apenas ao poder publico. Cada um tem sua parcela de responsabilidade em prevenir, denunciar e combater o vermelho do sangue e da vergonha humana.
Gilson Pedro Nascimento de Jesus – Coordenador Técnico Regional do DETRAN-Ba, Policial Militar da Reserva, Bacharel em Administração, Bacharelando em Direito, Especialista em Mobilidade Urbana e Trânsito Pós-graduando em Direito e em Administração Publica e Perito em Acidentes de Trânsito.