O assunto mais comentado no meio político é a saída do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciada nesta sexta-feira, 24. Moro alegou uma série de controvérsias entre ele e o Presidente Jair Bolsonaro que vinham, seguramente, desgastando a relação.
Em seu discurso, Moro disse que Bolsonaro não cumpriu o planejado, definido antes de assumir o comando do ministério. Segundo o ex-ministro, Bolsonaro havia dado ‘carta branca’ para ele escolher sua equipe e tomar decisões dentro da pasta, sem interferência política.
Moro desabafou que no início do segundo semestre de 2019, Bolsonaro já começou a interferir na sua gestão, quando passou a insistir na mudança do comando da Polícia Federal. “A partir do segundo semestre do ano passado, passou a ter uma insistência do presidente em trocar o comando da Polícia Federal”, disse Moro.
Contrariado com essa postura do presidente, Moro revelou que se sentiu ‘sem autonomia’ para gerir o ministério. O ex-ministro disse que não haveria problema algum em mudar o comando da Polícia Federal, desde que houvesse insuficiência de desempenho ou falta grave. “Eu não tenho nenhum problema em trocar o diretor geral da Polícia Federal, mas eu preciso de uma causa, insuficiência de desempenho ou erro grave. O que eu vi por parte do diretor-geral foi um trabalho bem desenvolvido. Não é questão do nome, tem outros bons nomes para assumir o cargo, o grande problema de realizar essa troca seria a quebra de uma promessa feita comigo”, relatou o ex-ministro.
Assim que ficou ciente de que Bolsonaro trocaria o comando da PF, Moro se reuniu com o presidente para compreender as causas da mudança, onde ficou claro para o ex-ministro que o ato seria uma interferência política, fato que foi confirmado pelo presidente segundo Moro. “Falei ao presidente que seria uma interferência política e disse que isso teria impacto para todos, mas para evitar uma crise durante uma pandemia, eu sinalizei que iríamos substituir o Valeixo por alguém que tivesse o mesmo perfil técnico. Jair disse que seria mesmo uma interferência política”, disse Moro. Moro ainda relatou que o presidente quer ter uma pessoa do contato pessoal no comando da PF, onde poderia ter acessos a dados e investigações. “Ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, coletar informações”.
O ex-ministro negou ter assinado o documento em que exonera Valeixo, dizendo nem estar ciente da decisão do presidente. Por fim, Moro disse que não se sente confortável em atuar desse modo. “Eu não me senti confortável, tenho que preservar a minha biografia e acima de tudo preservar o meu compromisso feito com o presidente em ser firme no combate a corrupção. O presidente me quer realmente fora do cargo”, finalizou.
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